domingo, 25 de agosto de 2013

Sobre gentileza e mudanças


Já é tarde, eu pego o caminho de sempre, em direção ao bar de costume. Chego lá e vejo as pessoas de sempre e o meu banco cativo no balcão me aguarda. Sento e sou recebida pelo barista com a cerveja gelada de sempre. A música já familiar, é tocada pela banda de sempre. É assim toda noite, sem surpresas, nem novidades.

 Repetimos os caminhos, os lugares, os hábitos, músicas e roupas, como se fôssemos eternos, mas não somos mesmo que nosso desejo seja o da eternidade. Nada é para sempre e a vida vive tentando nos ensinar isso. Vive tentando nos ensinar. A vida é breve, mas seu maior ensinamento é de paciência. O que não significa sentar e esperar pelas coisas, mas perseverar de maneira tranquila por aquilo que se deseja, resignar-se com coragem por dias melhores. Não adianta de nada dizer que tudo é sempre igual e fazer esforço zero para mudar esse quadro. Nada acontece se você não sai da sua zona de conforto.
 Então se fala sobre aproveitar a vida, viver um dia de cada vez, carpe diem; mas é tênue a linha entre vontade de viver e irresponsabilidade. Nesses casos, talvez gentileza seja a solução, já que gentileza gera gentileza. Uma mudança de grande proporções pode ter um começo tímido, a partir de um processo de mudança interna. Quem é gentil consigo e tem respeito próprio, é também gentil e respeitoso com o próximo. Sabe sorrir para o cobrador do ônibus, dar bom dia para a servente no trabalho, elogiar o jardim do vizinho, deitar a cabeça no travesseiro feliz e agradecer ao universo por mais um dia.
 Sem dúvida, é mais fácil tratar bem as pessoas que gostamos, num dia ensolarado, sem trânsito, depois do melhor café da manhã do mundo. O desafio acaba sendo tratar com gentileza aquela pessoa que te olha com indiferença, rir de si mesmo depois de tomar um banho de água da chuva por conta de um motorista apressado e desatento, conter o tom de deboche com alguém intolerante e roubar um sorriso de um completo estranho na rua.
 Parece clichê (e pode até ser), mas Gandhi disse uma verdade afirmando que devemos ser a mudança que queremos ver e repetir isso parece tão necessário, mesmo depois de tantos anos. Se você não está feliz, mude. Se você está feliz, mude. Mude sempre, você tem a chance de ter um dia maravilhoso a cada novo dia e melhorar a sua vida, a vida dos outros. Se souber conduzí-la da maneira certa, não importará mais se a vida é breve e sim se ela ela é bem vivida.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Perspectiva

"I love it but I hate the taste."

As pessoas costumam reclamar demais, falam de Deus, destino, carma e inferno astral. Então o mundo parece cinza, o doce perde o sabor e é frio o tempo todo; sorrisos são negados, os braços afastados e grosseria é tudo o que resta aos homens. Onde foi que se perdeu a esperança no mundo? Onde foi que dizer palavras gentis tornou-se uma invasão? Onde foi que querer bem virou perda de tempo?

Sorrisos, conselhos, abraços e gentilezas têm algo em comum. São de graça, são do bem. O que lhe custa, fazer o bem sem olhar a quem? Talvez tome um tanto do seu precioso tempo, talvez lhe dê recompensas que você nunca imaginaria receber.

Preste atenção aos sinais que a vida não se cansa de dar, pense nas quedas como chances de olhar de perto o brotar de uma semente, nos obstáculos como chances de pular mais alto e colher os frutos do esforço, no choro como uma chance de mudar o ponto de vista, rever seu real motivo. Entenda que não tem valor uma conquista pela qual não se batalhou. Vitórias são boas, mas nem sempre ganhar é o mais importante. Talvez você só aprenda a ser feliz depois de escapar de vencer, quem sabe isso faça de você um vencedor ou então ajude a entender que perder é normal, acontece o tempo todo.

No final, a culpa não cabe à ninguém. As vitórias, as derrotas, a felicidade e a dificuldade de lidar com as chances da vida, são todos aprendizados. Não há necessidade de distinção, entre coisas boas e ruins. Há a necessidade de compreensão, mas cada um tem seu tempo de digerir informações. Há a necessidade de paciência, para entender o tempo do outro. Há a necessidade de perdão, para superar as diferenças e ofensas.

O que resta ao fim, é assistir ao broto da esperança crescer e vingar, enquanto tiramos proveito de tudo aquilo o que aprendemos. Quem sabe esse broto um dia traga amor, satisfação ou algo que tantos julguem utopia, como a paz de espírito.

domingo, 7 de julho de 2013

21/11/2011

Eu vivi uma vida em um dia.
Quando deitei a cabeça no travesseiro,
o sono demorou a chegar,
custei a acreditar.
Em tantos sonhos eu havia vivido nosso reencontro,
mas nenhum foi como a realidade.
A intensidade foi tanta, teus braços que tanto falavam.
Teus olhos tão surpresos, custando a acreditar.
Eu segui teus passos, te assisti de perto.
Te vi perder e mais uma vez me ganhar.
Nesse dia não fui eu quem beijou tua boca.
Nem disse que ganhar ou perder pouco importava.
Você nem viu o quanto magoava,
o quanto eu desejava ter ficado em casa.
Ao invés de ir aquele lugar,
ver ela te pegar pela mão
e teu rosto afagar.
Eu não queria ter que olhar nos teus olhos,
prometendo que era a última vez que me veria.
Nem precisei.
Porque a cada abraço teu, as borboletas remexiam.
Você olhando nos meus olhos dizia:
-To feliz que estás aqui, foi bom te ver Sophia.
Eu sabia que era verdade,
Sorri por acreditar.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

O seu olhar



Tu tens essa facilidade em tornar desnecessárias as minhas palavras e explicações. Com um olhar discreto tu me lê por inteira, me decifra e devora. Me conhece por uma vida toda, desde que me olhou nos olhos pela primeira vez. Já conhecia meu corpo por inteiro e tinha decorado cada parte minha enquanto de longe me analisava. Antes mesmo que tua mão tivesse tocado minha carne, minhas roupas, tu já havia me despido e feito cócegas em mim com teus olhos.
Dizem que os olhos são o espelho d'alma e depois de olhar nos teus, acredito.
Tens neles bondade e beleza, tens meu reflexo e meus desejos.

Nos teus olhos eu caibo por inteira,
no abraço dos teus cílios e
bem embaixo da tua sobrancelha.
Nos teus olhos encontrei abrigo,
na dança do verde e do mel
tu me destes um pedaço do céu.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Hipótese


"Come with me
My love
To the sea
The sea of love"

Nós seríamos um desses casais insuportavelmente bonitos, cheios de fotos insuportavelmente fofas e de palavras insuportavelmente apaixonadas. Eu seria uma dessas loucas, absurdamente insegura, ciumenta e apaixonada. Você seria uma dessas pessoas estranhamente invejada, teimosa e apaixonada. Nós iríamos dizer que foi amor à primeira vista, eu diria que já te conhecia dos meus sonhos e você diria que ama até os meus defeitos. Andaríamos de mãos dadas, eu olharia para o chão e você cuidaria de mim na hora de atravessar a rua. Saíriamos pra tomar um café, eu escolheria onde e você me pediria um pedaço de torta. Iríamos ao parque ver o entardecer, eu escreveria sobre o sol nos teu olhos e você tocaria minha música favorita no violão. Jantaríamos com os teus pais, eu diria que tens os olhos da tua mãe e você diria que tenho a mesma bondade que ela.
 
Nós seríamos, tudo o que pudéssemos, tudo o que quiséssemos.
Eu seria suficiente, seria tua, seria exagerada. Você é que insiste em ser, só; só, estar.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Eu Sol

 


A menina que senta de frente pro sol, com um chapéu engraçado para dar aos olhos alívio e às palavras espaço, sou eu. Fico pela janela vendo as borboletas voando em círculos, roubando beijos das flores no quintal de concreto abençoado por uma laranjeira, um limoeiro e uma coleção de orquídeas do meu pai. Nessa hora do dia, o sol entra bonito aqui no quarto, projetando as sombras das folhas nas paredes cor-de-rosa cheias de histórias, marcadas pelos anos. Acho graça do jeito como o sol se deita sobre a cama, sobre os morros; acho lindo. Vejo na janela meu reflexo e no reflexo a verdadeira cor dos meus olhos, a dança do caramelo, mel e castanho enebriados pelo entardecer. Agradeço os últimos beijos do amigo sol em meus braços, enquanto o frio vem pouco-a-pouco tomando espaço pela casa. Lá se vai mais um dia e enquanto saio pela rua o sol pinta o céu, com as cores da saudade.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Balada

Você é como uma canção,
que toca em silêncio na minha mente.
Toda vez que chego no refrão
 é porque te tenho perto
e tomas conta de todos os meus pensamentos,
igualzinho às baladas românticas
que tocam na rádio.
Só quando você me toca,
é que tudo para.
Acho que para ouvir meu coração,
que insiste em disparar.

sonhacordado

Ah, esses sonhos que me perseguem... Não que eu não goste, mas eles me iludem se misturando com a realidade. Trazem uma falsa esperança de um dia ao invés de acordar e findá-lo, ir dormir e vê-lo continuar ao teu lado. Não sei se vou me cansar de ti em algum ponto, mas agora minha alma chama pela tua. Cada vez mais essa certeza de querer-te me devora. Não quero mais sonhar com possibilidades, quero você aqui.
Vem comigo,
sonhar acordado.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Cinema mudo

 
Vi que tava tudo errado logo quando você riu do meu gosto musical, mas achava o seu tão especial e único. Na minha vida a música é tudo e sempre foi, na tua também. Como poderíamos dar certo, se os dois simplesmente eram incompatíveis na hora de escolher a trilha sonora de nossas vidas? Eu não imaginava uma noite de amor ao som da tua banda favorita, mal suporto os passarinhos daqui, quem dirá os de outro continente.
Então eu decidi que no filme, que era eu e você, ou nós teríamos trilhas sonoras exclusivas e faríamos pares românticos com outros; ou seguiríamos num cinema mudo fingindo ser normal não falar e nem cantar de amor.

 
O nosso filme foi um musical,
Ritmado por jovens corações insanos.
Do final se sabe apenas
Que o silêncio reinou por anos.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Nós



A verdade é que sim, a gente se diverte nesse nosso estranho gostar. Tu me ensina como ser mais leve, enquanto se acostuma com meu jeitinho manhoso de conseguir as coisas. As nossas vidas seguem, paralelamente e sem interferências. Nem sempre a gente se entende, mas brigar, nunca. O maior tempo que passamos sem nos falar, foi porque não havia nada a ser dito, sem sequer um desentendimento pra culpar.
 
Nos raros momentos em que a gente se vê (se toca e se sente), eu sinto certezas, assumo verdades absolutas e pago o preço por brincar com o destino. É tão pura a felicidade do sorriso que tu gera em mim. É tão melodioso o som do teu gargalhar misturado ao meu, ritmado pelos nossos corações tão jovens nessa coisa de estar junto, com a coragem de se entregar por completo quando o nós é presença.
 
Tu és meu, assim como sou tua; embora nada nunca tenha sido dito. Tu és meu olhar mais apaixonado, as minhas melhores lembranças, meu melhor amigo, minhas mais sinceras risadas, meu amor de verão, meu sonho adolescente, minha lágrima de saudade, minha boca torcida por teimosia, meu pé batendo impaciente.
 
Somos assim, tudo e nada, nunca e sempre, antes e agora. É confuso, mas se não fosse nem teria sentido. Talvez seja amor, mas não desses de amantes cheios de para sempre e promessas sem pé nem cabeça. É mais do tipo, te quero bem mesmo que não seja do meu lado, mesmo que não seja na minha cama, mesmo que seja até amanhã, mesmo que seja amizade, mesmo que seja só mais um negócio. 

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Não, se, não

Não posso continuar sendo só tua,
Se pelas ruas tu já não és só meu.
Não posso mais ficar nua,
Se já fui tua e tu nada de ti me deu.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Das tuas faltas



Eu sofro pela falta, de nós na maior parte do tempo, mas mais pela tua falta em todo o resto. Não falo só da ausência, meu bem, também nem sei mais se cabe te chamar assim. Não vem de novo com essas perguntas que me incriminam, que me doem, não te faz de vítima dessa vez. Tu não me faz mal, só desaprendeu como me fazer bem. Só que eu preciso de alguém que faça algo de bom por mim, sabe? Pelos outros eu já fiz demais, perdi a conta, nem sei cobrar. Acho que é porque o bem não tem medidas, né? Não existe moeda de troca, fita, balança; a gente só faz, sem esperar recíproca, mas com uma esperança boba de que algo bom nos aconteça também.
Eu achei meu lugar, no meio dessa loucura entre ir e ficar. Eu só não posso esperar pra sempre, até tua falta virar outra coisa. Até tu me dizer o que eu devo fazer, sem desconversar dessa vez. Presta atenção a tudo aquilo que eu já te disse. Olha bem, relê umas mil vezes, de trás pra frente também caso eu não tenha sido bem clara nos meus sentimentos, mas a gente sabe bem que eu fui. Eu me abri em palavras, em jornadas, em carícias, em olhares. Acho que eu fui corajosa, como nunca antes.
O teu silêncio é o que acaba comigo, tua maior falta é a das palavras. Tu não me diz nada, nem me dá certezas, nem ao menos nas entrelinhas. Eu sou insegura, nunca disse que não era, mas tu sabe que contigo isso sempre foi mais forte do que nunca. É fácil, é doce, quando tenho teus olhos pra me amparar, mas daqui de longe eu mal consigo me lembrar deles e fica difícil respirar, pensar claramente.

"Me diz alguma coisa, vai. Me fala tudo aquilo que eu ando louco pra ouvir da sua boca. Sussurra, então. Ou me ensina a receptar telepatia. Porque eu já estourei minha cota de intuição. Diz que me adora, que gosta de mim, que sente saudades minhas e uma vontade insana de me ver em plena quarta-feira. Sei que não muda nada, mas eu preciso ouvir."Gabito Nunes

terça-feira, 2 de abril de 2013

Sobre mãos, abraços e borboletas

Tessalate by ∆ on Grooveshark

Ele me encarava sério, perguntando:
 - O que há de errado com você?
Pra ser bem sincera, eu não fazia a menor ideia do que ele queria dizer com isso. Incrivelmente, eu tinha pelo menos noventa e três respostas diferentes à essa pergunta. Resolvi tentar a de número dezoito:
 - O meu problema, menino, é que eu já pertenci à muita gente. Então cada vez que alguém me perdia, eu era entregue em novas mãos. Essas mãos deixaram várias marcas e me moldaram por não saberem como me segurar. O que eu quero dizer é que já me entreguei não uma, nem duas, mas algumas (e todas as) vezes. Só que foram poucas aquelas em que tive em minhas mãos, as de quem me segurava. Isso dói, sabe? Quando alguém te segura sem ser pela mão, sem se entregar de volta. Aí apareceu você, com tuas palavras doces, teus mimos e convites. Me deu medo, muito, mas quando senti tua mão na minha, veio uma calma na alma, um conforto sem limites, como sentar ao sol num dia de frio.
Interrompendo minha fala, ele me abraçou como nunca antes. Eu que achava que tinha entendido tudo, descobri algo novo. Não precisava que me segurassem, precisava ser abraçada. Como a borboleta, que fica envolta no casulo até estar pronta pra voar por aí, livre.
 - Aí apareceu você, bonito, abraçando meu mundo.

sábado, 16 de março de 2013

A.mantes A.nônimos

Hoje foi um dia tranquilo, devo ter te visto em três ou quatro pessoas. Um ou dois sustos com o vibrar do celular, achando ser tu. Meu coração tá acalmando aos poucos, aos trancos e barrancos mas tá. Talvez leve mais que um mês, talvez algo perto de um ano. Talvez eu me acostume com a dormência nas pontas dos dedos toda vez que eu toque alguém que não seja tu. Talvez não, mas é como uma drogadição, cada dia é uma conquista.

'Meu nome é Sophia, tenho 20 anos e estou a um dia sem pensar em você. Porra, pensei.'

terça-feira, 5 de março de 2013

Te espero


Eu passei o café, fiz bolo, escolhi as frutas mais bonitas, comprei sorvete e botei a mesa pra dois. Eu te espero, eu sempre te esperei. Minha vida toda. Ela, a vida, é boa sabe? Trouxe você, não pro meu café da manhã, nem pro café da tarde, mas ela te trouxe pro lado esquerdo do meu peito. Me deixando mais feliz com um simples "oi" do que depois de comer um bolo de chocolate. Eu nem ligo pra chuva, eu nem ligo pro frio. Eu to feliz, meu bem e eu to te esperando pra um café qualquer dia desses, todos os dias.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Alquimista

O grande problema é que tu tens 
o veneno e o antídoto.
Tu és quem controla as doses 
e me mata e me cura.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Dela

Ultimo Romance by Los Hermanos on Grooveshark


Não é como se ela tivesse sumido por completo da minha vida, muito pelo contrário. Parece que ela abriu meus olhos pra tantas coisas, que eu não conseguia ver antes ou que não faziam sentido e agora nelas eu só vejo ela. Ah, a menina da rima amarela, banguela, donzela. Depois dela, foi aí que o mundo se esclareceu, mas agora na ausência dessa luz, a vida tornou-se saudosa. Os dias se arrastam, enquanto eu abro e fecho aquela janela várias vezes. Ensaiando e desistindo de contar as coisas que eu queria, as lembranças que eu tive ou as descobertas que eu fiz. Eu sinto a falta enquanto encaro a janela quebrada, remendada pelas minhas desculpas, marcada pelas coisas já ditas. Eu observo cada vez que ela passa por mim, cantarolando uma nova canção ou folheando um quadrinho novo que emoldure sua personalidade e peculiaridades. Eu sinto saudades e não posso fazer nada a respeito. Eu encaro a janela craquelada pela ausência e só me resta esperar. O tempo dela voltar e me chamar pra reformar com ela a (agora) janela do pesar.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Monólogo

Piledriver Waltz by Alex Turner on Grooveshark

Parte I

Eu falo besteira pra disfarçar. Sabe? Quando eu fico nervosa, ansiosa, envergonhada. Eu falo besteira porque é tudo o que eu consigo pensar. Às vezes funciona e parece até uma graça pensada, frase feita. Significa que ainda me restaram alguns neurônios sem vergonha, mas desde que eu conheci esse cara eu ando um tanto quando comovida, introvertida e sem foco. Fazendo elogios e brincadeiras sobre coisas que eu não tinha costume. Ficando sem graça com certa frequência e eu não costumava ser assim.

Parte II
Constantemente eu me arrependo, dos carinhos que entrego sem pensar. Me questiono se 'tá certo, eu aqui me parafraseando, num monólogo infinito; enquanto ele fica lá, se revesando entre risadas e respostas monossilábicas. Eu já nem sei mais se faz sentido, explicar o que se passa aqui; sendo que eu não faço a menor ideia do que se passa ali dentro dele. Então eu me desaponto e choro sozinha mais uma vez. Mesmo sabendo que a culpa é toda minha e dessa confusão que eu virei depois de conhecê-lo.

Parte III
Eu fico insegura, mesmo com a cabeça dele pesando no meu colo, os olhos semicerrados como quem está quase dormindo sem resistir aos cafunés. Até quando ele me abraça sabendo da minha alergia à despedidas e pede pra eu me cuidar.  Mesmo com meu mindinho pegando o dele num gesto precipitado de afeto e principalmente quando ele me olha com aquele jeito "decifra-me ou devoro-te".

Parte Final

Na presença dele eu não sei a coisa certa a dizer, fazer e pensar. Mas com ele perto eu me sinto melhor, apesar de toda a insegurança, eu me sinto completa.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A escolha de Sophia

Pensando bem, não sei se hoje eu escolheria te amar, mas lá atrás eu já não tive muita escolha também.
Até porque se pudesse escolher, teria sido aquele que gostava de andar de mãos dadas, apresentou para os pais, acreditava em mim cem por cento e até me pediu em namoro sem nem saber o quão confusa eu realmente sou. Já você, sempre soube o quanto eu tinha problemas emocionais, me viu mudar do choro ao riso em segundos e vivia fazendo graça da minha bipolariedade.
Sabe, quando você parou de falar comigo, as coisas ficaram feias. Fiquei dias sem dormir, comendo mal e chorando pelos cantos da cidade. Cada vez que você aparecia em um sonho, eu perdia a hora para acordar. Então o telefone tocou, vi teu nome na tela e o mundo parou um um segundo.
Quando você me liga, eu esqueço tudo o que eu já sofri. É como se meu sol particular fosse aceso. Como se um mundo fosse um lugar melhor, só por poder ouvir a tua voz e os passarinhos cantassem mais alto sem incomodar as pessoas. Nada se compara ao grande alívio que eu sinto ao ouvir-te. Até mesmo a angustia que se tornou gostar de ti, vai embora quando tu falas do outro lado da linha. Eu contenho o riso, me faço de braba, pra te testar; mas eu sei que desde o primeiro alô, era tu quem me testava.
Eu posso nunca ter escolhido te amar,
mas todos os dias eu escolho não te esquecer.
Escolho não perder nunca
essa paz que tu trazes quando perto;
essa paz da tua voz,
dizendo que tudo vai dar certo.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Sozinha

Acendo outro cigarro numa dessas madrugadas solitárias, mas eu só preciso de mais uma tragada. O fogo me consome e me transforma em cinzas de alguém que eu nunca quis ser. Me afastando de um amor que eu nunca quis merecer.
Eu brinco com a fumaça como aquele que me espalhou por aí, soprando minhas cinzas ao vento. Como se a história de fazer as coisas que amamos livres fosse verdade. Às vezes, tanta liberdade pode sufocar. Às vezes, tanto amor pode assustar.
Enquanto o cigarro diminui, mil coisas se passam pela minha cabeça. Quando eu fico sozinha eu penso demais e penso em você. Me dá raiva, de ti, de mim, de te amar.

É, uma tragada foi pouco.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Um copo cheio de nós.

Ela abriu a porta e me chamou para entrar. Sentei no sofá, pronto para despejar minhas milhões de desculpas. Ela me olhou de canto de olho, oferecendo algo para beber. Um copo de água, por favor. Ela trouxe o copo meio cheio, colocou na mesa de centro e sentou no sofá de frente para mim. Eu nunca tinha a visto tão bonita, tão madura, tão mulher.
Ensaiei começar a falar, duas ou três vezes, mas os olhos dela me roubavam as palavras e já não era mais possível falar de dor e de passado. Aqueles olhos que me imploravam por alguma ação mais confundiam do que encorajavam. Então sem esperar meu glorioso discurso, ela levantou sorrindo, sentou-se ao meu lado e passando a mão pelos meus cabelos se fez ainda mais perto. Me beijou os olhos, já encharcados pelas lágrimas e sussurrou no meu ouvido.
Eu te desculpo, porque eu sei que é amor. 
Naquele momento eu sabia que tinha um mundo inteiro em minhas mãos, era a nossa vida recomeçando e na  mesa de centro entornamos um copo cheio de nós.