segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A escolha de Sophia

Pensando bem, não sei se hoje eu escolheria te amar, mas lá atrás eu já não tive muita escolha também.
Até porque se pudesse escolher, teria sido aquele que gostava de andar de mãos dadas, apresentou para os pais, acreditava em mim cem por cento e até me pediu em namoro sem nem saber o quão confusa eu realmente sou. Já você, sempre soube o quanto eu tinha problemas emocionais, me viu mudar do choro ao riso em segundos e vivia fazendo graça da minha bipolariedade.
Sabe, quando você parou de falar comigo, as coisas ficaram feias. Fiquei dias sem dormir, comendo mal e chorando pelos cantos da cidade. Cada vez que você aparecia em um sonho, eu perdia a hora para acordar. Então o telefone tocou, vi teu nome na tela e o mundo parou um um segundo.
Quando você me liga, eu esqueço tudo o que eu já sofri. É como se meu sol particular fosse aceso. Como se um mundo fosse um lugar melhor, só por poder ouvir a tua voz e os passarinhos cantassem mais alto sem incomodar as pessoas. Nada se compara ao grande alívio que eu sinto ao ouvir-te. Até mesmo a angustia que se tornou gostar de ti, vai embora quando tu falas do outro lado da linha. Eu contenho o riso, me faço de braba, pra te testar; mas eu sei que desde o primeiro alô, era tu quem me testava.
Eu posso nunca ter escolhido te amar,
mas todos os dias eu escolho não te esquecer.
Escolho não perder nunca
essa paz que tu trazes quando perto;
essa paz da tua voz,
dizendo que tudo vai dar certo.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Sozinha

Acendo outro cigarro numa dessas madrugadas solitárias, mas eu só preciso de mais uma tragada. O fogo me consome e me transforma em cinzas de alguém que eu nunca quis ser. Me afastando de um amor que eu nunca quis merecer.
Eu brinco com a fumaça como aquele que me espalhou por aí, soprando minhas cinzas ao vento. Como se a história de fazer as coisas que amamos livres fosse verdade. Às vezes, tanta liberdade pode sufocar. Às vezes, tanto amor pode assustar.
Enquanto o cigarro diminui, mil coisas se passam pela minha cabeça. Quando eu fico sozinha eu penso demais e penso em você. Me dá raiva, de ti, de mim, de te amar.

É, uma tragada foi pouco.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Um copo cheio de nós.

Ela abriu a porta e me chamou para entrar. Sentei no sofá, pronto para despejar minhas milhões de desculpas. Ela me olhou de canto de olho, oferecendo algo para beber. Um copo de água, por favor. Ela trouxe o copo meio cheio, colocou na mesa de centro e sentou no sofá de frente para mim. Eu nunca tinha a visto tão bonita, tão madura, tão mulher.
Ensaiei começar a falar, duas ou três vezes, mas os olhos dela me roubavam as palavras e já não era mais possível falar de dor e de passado. Aqueles olhos que me imploravam por alguma ação mais confundiam do que encorajavam. Então sem esperar meu glorioso discurso, ela levantou sorrindo, sentou-se ao meu lado e passando a mão pelos meus cabelos se fez ainda mais perto. Me beijou os olhos, já encharcados pelas lágrimas e sussurrou no meu ouvido.
Eu te desculpo, porque eu sei que é amor. 
Naquele momento eu sabia que tinha um mundo inteiro em minhas mãos, era a nossa vida recomeçando e na  mesa de centro entornamos um copo cheio de nós.