segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Tem dias em que ele vem, sem eu sequer precisar pedir.
As perguntas, os assuntos, tudo parece fluir e sequer se vê esforço lá. É apenas certo.
Em alguns dias, sinto que nado contra a correnteza que insiste em nos afastar. Chego a pensar em me entregar e me carregar para alto mar, bem longe de tudo que um dia talvez tenha existido.

Você quer saber, sem fazer as perguntas; ou só aceita que mesmo sem perguntas eu já vá contar. Quem sabe esse meu jeito, entregue, transparente, sem freios seja o grande culpado. Eu senti que conhecia você, mas era você que me conheceu no tempo em que estivemos juntos. Assim quando chegou a hora de irmos para caminhos diferentes, eu não sabia quem estava perdendo, mas você sempre soube quem estava deixando ir.

Eu não sei se o procuro em dias em que ele pede por mim. Não sei se quando olho pra ele vejo só aquilo que um dia me refletiu e mostrou as partes que mais amo em quem sou. Não sei, mesmo, mas cada dia tenho menos força contra a maré, que enche e esvazia meu peito.

Quem sabe é o tempo e quem sabe nosso tempo já se foi.
Quem sabe?

sábado, 3 de dezembro de 2016

Sem nome

Um tanto do meu amor sempre foi dele. Imagine meu espanto ao perceber que ele me lê por essas linhas mal escritas, abandonadas em meio ao drama que se tornou minha vida. Eu sorri e revivi os momentos, tão preciosos já divididos e bem vividos por nós dois.

Essa premissa de que só existe uma alma gêmea nunca fez sentido, porque ele sempre esteve lá guardado com afeto perto daquilo que mais importa. Se fez amigo para continuar existindo, mesmo que amor.

É amor, mesmo que nunca tenha sido chamado assim. Foi amor também, aquilo que fizemos no escuro, no silêncio, no pouco tempo que deu para estarmos juntos. Pensando bem, algumas coisas merecem mesmo existir naquilo que não é dito e pertencem à madrugada.

E este é o segredo que nunca demos (e talvez nunca daremos) nome.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Nunca é comigo

Eu me calo pra não me queixar.
Aprendi a conversar com o teu silêncio.
Escuto quieta, evito o "eu sabia".
Aprendi a ignorar, sei que o importante se esconde de mim.
O nó na garganta aumenta, vez em quando dói.
Me acho louca, prometo que vai ser a última vez.
Mas nunca é...

[ nunca é gaslighting, até que a gente se dê conta ]

terça-feira, 10 de maio de 2016

O tempo

Não quero mais pensar. Para ser sincera, eu tenho evitado na maior parte do tempo. Quando me permito, o que eu eu deixei de pensar não cabe mais em mim e transborda. Não sei dar nome, mas tem cheiro de medo, tem cara de adeus e os dias parecem pesadelos dos quais eu não consigo acordar. Falta a tua ajuda, faltam noites bem dormidas, falta concentração naquilo que precisa. Não quero mais pensar, nem adivinhar qual é o próximo motivo para fazer vinte quatro horas parecerem um mês. O tempo que tortura, também cura... mas (até) quando?

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Segunda de sorte

Segunda-feira, acordei sem expectativas.
Sobrevivi belamente às doze horas de frio, que me antecederam esse episódio:

Aula de Projeto IV, esqueci meu material em casa mas vou até lá só pra avisar o professor e não levar uma falta completa. Chego às 18:46, estou livre às 19:08. Fácil assim, mas voltar para casa de ônibus costuma ser um problema.

Da rua que me leva ao ponto de ônibus, já sei que perdi dois daqueles que poderia pegar. Reclamo até chegar na esquina, onde encaro o horizonte na esperança de que outro ônibus venha, mas ele não vem... ele nunca vem. Decido ir andando para casa.

Antes que eu pudesse ao menos aquecer meu corpo, um ônibus para ao meu lado, o sinal a sua frente vermelho. Tento entrar e o motorista permite, diz que sou a primeira passageira do dia que já teve 3 viagens. Sento perto do cobrador enquanto ele separa meu troco. Ele diz que demoraria a vir outro ônibus, concordo com ele e conto ser esse o motivo de ter seguido meu caminho andando. - Sortuda você, moça. Concordo novamente, com um sorriso meio contrariado.

Voltar pra casa de ônibus costuma ser um problema, esperar nunca foi meu ponto forte e meu trajeto para casa consiste em muitas esperas. Passo mais tempo esperando do que dentro de um ônibus, é basicamente uma forma moderna de tortura. Mas antes de chegar no terminal, o cobrador me chama de sortuda de novo, meu próximo ônibus vem logo em seguida.

Não sei se acredito em sorte.
Mas agradeço à vida por tentar trazer a Sophia otimista de volta.

Vai ficar tudo bem, por sorte ou por azar, mas é preciso seguir em frente.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Não sei se ainda cabe escrever por aqui, mas sinto falta desse escape.
Sei que alguns, sentem falta de fugir para aqui também.

Talvez eu precise me reapresentar, muita coisa aconteceu desde que perdi o hábito de me abrir em palavras e me arriscar em versos de rima pobre. Cabe dizer que esse vazio das palavras, esteve preenchido por amor. Um amor que não me pediu nada, nem me fez promessas. Um amor que eu escolhi viver do jeito que eu achei ser o certo. Eu vivi, ainda vivo, mesmo vendo ele mudar.

As paisagens mudaram, porque não mudaria o amor também? Eu mudei, pelas paisagens, por mim e por que não por amar? Não teve força, não teve pressa, mas teve vontade e entrega. Coisas do amor...

A minha paisagem pela janela voltou a ser a mesma, mas quando olho pra dentro, o que chamei de lar, também mudou. Aqueles que moram aqui, são outros, com os mesmos hábitos e vícios; também com a mesma facilidade de esquecer de tudo e seguir a vida. A janela da espera, voltou a marcar presença, mas dificilmente alguém está lá para responder. Acho que nisso, tudo está igual. Pudera a mudança ter dado sua graça na janela do sentir e tornar mais fácil a distância e a ausência da reciprocidade.

Eu desaprendi a falar sobre certas coisas, mas estou disposta a mudar. Quero falar de tudo, pra não deixar nada meio dito. Quero entender o sentir pelas palavras e encontrar algum sentido em tanta intensidade.

Enfim, voltei... espero que com a mesma facilidade e frequência de antes mas com outras coisas a dizer. Nos vemos por aí, por aqui, sempre que der.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Ansiedade pt.I

Estavámos nós duas, eu e a solidão. Não era a primeira vez, sei que não seria também a última.
Quando sozinha, tenho a tendência a pensar e analisar demais, qualquer coisa. Às vezes esses pensamentos me levam a algum lugar, mas na maioria das vezes só chego à paranoia.
A ansiedade é uma companhia estranha, tenho percebido suas chegadas cada vez mais. Não sei se prefiro assim ou sorrateira, como costumava ser. É estranho, sinto que perco o controle de coisas que eu nem deveria controlar. De repente respirar fica difícil, conviver inviável e ponderar parece um desafio.
Ninguém entende, mas essa falta de empatia não me causa espanto. Queria voltar a deixar as coisas acontecerem de maneira orgânica sem que isso me gere desespero. Só não consigo, porque aparentemente isso também não está no meu controle.