quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Blues e tango

O homem trazia nas mãos um violão e no peito um coração partido. Eu não consegui identificar o que ele cantava, em meio ao choro e soluços, mas era acompanhado por uma melodia triste. Típica de um pé na bunda. Eu conhecia bem a tal trilha sonora, de outros carnavais. Tinha um quê de Chico, misturado com tango e toda a tristeza de uma alma solitária. A cada passo que o levava para longe trazia o blues para perto. Antes da voz sumir, ouvi um grito de dor; quem é mais sentimental que eu?




Obrigada  pelas 6 mil visualizações!
Vocês me fazem muito, muito feliz!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Que merda

Queria acordar amanhã e ver no nosso histórico que a mensagem não tinha sido enviada. Que eu não tivesse dito a palavra errada e estragado tudo. Agora eu fico encarando aquela frase ridícula que eu falei e torcendo  para que você me entenda e talvez desculpe. Eu não sou muito boa com isso ainda, nem depois dos trotes que a vida me deu. Vai, esquece o que eu falei e volta lá onde a gente se queria bem, se dava conselhos e falava de amores como se eu e você tivesse sido sempre assim. Essa amizade bonita, em que a gente se encontrou no meio do caminho e a partir dali eu registrei tudo na memória. Como eu posso, com essas minhas palavras impensadas botar tudo a perder? Eu quero conversar, eu sempre quis. O problema é que eu ainda não sei o que dizer, nem tenho nenhuma frase pronta pra me ajudar a explicar o que tá acontecendo entre nós. Agora fico me sentindo culpada, por ter estragado algo que ainda nem aconteceu.

Que merda, foi a última coisa que tu falou.
Enquanto eu fico aqui, esperando o sinal de mensagem não enviada,
 pra corrigir a merda que eu fiz.

sábado, 3 de novembro de 2012

Eu não sabia mais que horas eram, acho que já passava das sete e eu ainda te observava dormir. Os seus cabelos curtos permitiam que eu visse seu rosto por completo, iluminado pelas cores de um sol que já brilhava lá fora. Era nítido que você estava distante em um sonho bom, colecionando memórias de noites que poderíamos ter tido e até hoje eu não te contei, mas naquele momento você sorria. Então eu mergulhei também, num mundo de perguntas e de coisas que eu deveria ter feito e dito.
Enquanto você dormia eu pensava em tudo o que havia acontecido na noite passada. Te falei baixinho, que teus lábios tem gosto de novidade e me dão sede; que teu beijo é um ponto de equilíbrio entre doce e voraz; e que tu beijas com a intensidade do sol na mais quente tarde de verão. Eu disse também que nunca me importei em ser essa pessoa desajeitada que fala coisas inapropriadas, chora e ri ao mesmo tempo e se entende melhor na bagunça do que num mundo cheio de divisórias. Se eu pudesse voltar aquela noite, te roubaria um beijo a mais, te tiraria a roupa enquanto aquele teu sorriso malicioso surgia mais uma vez no canto da tua boca e observaria tuas bochechas coradas, entregando teu prazer.
Eu me aproveitei do teu sono pra te falar o que eu nunca conseguiria com você me olhando nos olhos. A cabeça cheia não me deixou dormir, mas também não achei justo ficar ali te olhando, invadindo teu sono e sonhos. Por isso te beijei o rosto e parti, sem me despedir.
Hoje, cada lembrança aumenta a saudade e aperta meu confuso coração. Cada sonho que te traz, traz também a eletricidade da tua pele na minha, do teu corpo no meu. A cada mergulho que eu faço, me afogo no desejo de voltar no tempo e reviver tudo o que passou e talvez até construir novas memórias equanto te observo dormir mais uma vez.