quarta-feira, 20 de março de 2019

sobre ressignificar

Minha perna amoleceu antes de você chegar. Não sabia o que esperar desse encontro e isso me tirou do eixo, mas não podia ser diferente depois de tanto tempo. O abraço acalmou meu corpo e eu achei engraçado como o toque tem isso de ativar a memória e o afeto. Eu acho que no fundo eu só tinha me esquecido ou evitado pensar sobre eu e você. A conversa fluiu decentemente, mas isso nunca foi um problema pra gente. Na sala, no bar e eu com a sensação de que o tempo longe tinha sido só uma invenção minha. Só que ele de fato existiu, apesar de não mudar tudo. A amizade flutuava entre os ambientes mesmo sabendo que tinha mais por vir. Meus cabelos entre os teus dedos, tua cara tão perto da minha e o reconhecimento lento da pele na pele. Você não quis ir, eu quis que você ficasse e aceitamos entre carinhos que queríamos mais. Quase como se essa noite pudesse invalidar o que deu errado lá atrás. Eu me permiti confiar em você mais uma vez e entreguei em tuas mãos o meu prazer. Me senti segura, a confiança vibrando entre os lençóis e os gemidos. Novos hábitos e velhas manias. Teus olhos nos meus procurando aquela de anos atrás e um encantamento de conhecer quem eu sou agora.  

Minha perna amoleceu quando você se foi. Te olhei lá longe e comecei a me acostumar mais uma vez com a distância. Não foi um adeus definitivo, tinha a calma de vidas que se cruzam como em tantos outros momentos. Sabendo que desta vez estamos de bem, aceitando as novas vivências, pessoas e o nosso novo jeito de coexistir. Nada nem ninguém pode mudar o carinho que tem nessa nossa troca, hoje eu sei. 


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

23.04.2018



Fazia tempo que não me sentia tão disposta e ao mesmo tempo com o rosto quente, joelhos fracos e quase sempre sem ar. Algo sobre ele me deixa inquieta e segura ao mesmo tempo. Finjo costume em ser tão bem tratada, acho que me permito aos poucos os mimos e carinhos. A mão na dele e tudo parece no lugar certo. A intimidade da pele na minha, na inocência da presença sonolenta. Já faz falta e também faz tão bem. Procuro nele abrigo pra guardar alegrias e diminuir os incômodos de uma rotina que não dividimos ainda. Eu busco por seu corpo quente nas tantas noites sozinha, esperando a semana acabar. Com tempo entendendo quem sou dentro de uma relação sem pressa. O beijo na testa, o ajeitar dos cabelos, a foto sem aviso e a busca por um olhar entre tantos. Estar disposto a ter alguém em sua vida é ato de coragem nos dias de hoje. Permitir-se sentir é um desafio e eu vejo ele me desafiar. Como quem duvida que eu possa sentir ainda mais do que no dia anterior e eu sinto.

Eu sinto muito.



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

30.08.2017


Um dia eu acordei e me senti diferente. Já não tinha mais o peso de um amor falido nas costas, peso que eu decidi carregar por motivos que hoje já não cabem mais, nem pesam e cansam. Sei lá, hoje deu vontade de olhar as fotos porque eu sabia que não ia chorar. Hoje deu vontade de vestir tuas roupas, porque não seria mais vestir nossa história. Deu vontade de tantas coisas e eu me peguei com o sentimento de "esse fim é na verdade um começo" e eu posso fazer o que eu quiser.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Notas sobre um quase amor

Meu corpo nu ainda traz as marcas dos lugares onde tua mão me tocou. A gentileza na ponta dos teus dedos fez desenhos na minha pele. Eu fingi costume à tua delicadeza em me tocar. Fingi sempre saber como é ter alguém priorizando o meu prazer.

Os dias que antecedem a tua volta são incertos, como se a vida passasse pela minha frente enquanto me perco pensando em você. As notícias que você me traz nem sempre são as que eu quero ouvir, mas aprendi a ser grata por cada palavra que você escolhe compartilhar.

Às vezes eu me pego fantasiando momentos, simulando situações que talvez a gente nunca venha a viver. Então me volto às lembranças na intenção de imortalizá-las, como se fosse amor e como se fosse eterno aquilo que a gente viveu.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Já que não tem mais ninguém lendo...

Eu sei que eu posso ser demais às vezes, não de um jeito bom. Eu mesma me enlouqueço, reassisto tudo o que vivi e procuro onde foi que cheguei onde estou. Eu posso ser demais às vezes. Exagerada mesmo.

Me pergunto, se os que partiram da minha vida enquanto ainda era uma escolha para eles, fizeram certo em romper algo tão incerto quanto estar comigo. Me pergunto se não devia vir de mim o rompimento, o ato que os poupa de me ver enlouquecer dia após dia. Eu mesma me enlouqueço, sabe? Por que alguém escolheria isso? 

Eu posso ser demais às vezes, ao ponto de me perguntar que bater de asas de borboleta fez nossas vidas se cruzarem. Qual bater de asas as separou tão pouco depois. Dois anos, dois meses, duas semanas. Tempos e intensidades diferentes, mas todos eles se foram junto com as ideias de futuro que passaram por aqui.


Eu posso ser demais às vezes, já falei isso. Embora eu não me arrependa, não tenha intenção de mudar. Sigo me enlouquecendo e me recuperando. Tô pronta para aquilo que a vida mandar adiante, até a próxima partida.