terça-feira, 10 de maio de 2016

O tempo

Não quero mais pensar. Para ser sincera, eu tenho evitado na maior parte do tempo. Quando me permito, o que eu eu deixei de pensar não cabe mais em mim e transborda. Não sei dar nome, mas tem cheiro de medo, tem cara de adeus e os dias parecem pesadelos dos quais eu não consigo acordar. Falta a tua ajuda, faltam noites bem dormidas, falta concentração naquilo que precisa. Não quero mais pensar, nem adivinhar qual é o próximo motivo para fazer vinte quatro horas parecerem um mês. O tempo que tortura, também cura... mas (até) quando?

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Segunda de sorte

Segunda-feira, acordei sem expectativas.
Sobrevivi belamente às doze horas de frio, que me antecederam esse episódio:

Aula de Projeto IV, esqueci meu material em casa mas vou até lá só pra avisar o professor e não levar uma falta completa. Chego às 18:46, estou livre às 19:08. Fácil assim, mas voltar para casa de ônibus costuma ser um problema.

Da rua que me leva ao ponto de ônibus, já sei que perdi dois daqueles que poderia pegar. Reclamo até chegar na esquina, onde encaro o horizonte na esperança de que outro ônibus venha, mas ele não vem... ele nunca vem. Decido ir andando para casa.

Antes que eu pudesse ao menos aquecer meu corpo, um ônibus para ao meu lado, o sinal a sua frente vermelho. Tento entrar e o motorista permite, diz que sou a primeira passageira do dia que já teve 3 viagens. Sento perto do cobrador enquanto ele separa meu troco. Ele diz que demoraria a vir outro ônibus, concordo com ele e conto ser esse o motivo de ter seguido meu caminho andando. - Sortuda você, moça. Concordo novamente, com um sorriso meio contrariado.

Voltar pra casa de ônibus costuma ser um problema, esperar nunca foi meu ponto forte e meu trajeto para casa consiste em muitas esperas. Passo mais tempo esperando do que dentro de um ônibus, é basicamente uma forma moderna de tortura. Mas antes de chegar no terminal, o cobrador me chama de sortuda de novo, meu próximo ônibus vem logo em seguida.

Não sei se acredito em sorte.
Mas agradeço à vida por tentar trazer a Sophia otimista de volta.

Vai ficar tudo bem, por sorte ou por azar, mas é preciso seguir em frente.