quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Já que não tem mais ninguém lendo...

Eu sei que eu posso ser demais às vezes, não de um jeito bom. Eu mesma me enlouqueço, reassisto tudo o que vivi e procuro onde foi que cheguei onde estou. Eu posso ser demais às vezes. Exagerada mesmo.

Me pergunto, se os que partiram da minha vida enquanto ainda era uma escolha para eles, fizeram certo em romper algo tão incerto quanto estar comigo. Me pergunto se não devia vir de mim o rompimento, o ato que os poupa de me ver enlouquecer dia após dia. Eu mesma me enlouqueço, sabe? Por que alguém escolheria isso? 

Eu posso ser demais às vezes, ao ponto de me perguntar que bater de asas de borboleta fez nossas vidas se cruzarem. Qual bater de asas as separou tão pouco depois. Dois anos, dois meses, duas semanas. Tempos e intensidades diferentes, mas todos eles se foram junto com as ideias de futuro que passaram por aqui.


Eu posso ser demais às vezes, já falei isso. Embora eu não me arrependa, não tenha intenção de mudar. Sigo me enlouquecendo e me recuperando. Tô pronta para aquilo que a vida mandar adiante, até a próxima partida.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Eu poderia...

Os cigarros nunca mais vão ter o mesmo gosto. Não aqueles que eu fumo na janela do meu quarto.

Faz pouco sentido, se você pensar que esse novo hábito já diz tanto sobre os poucos dias que eu e tu dividimos. Tão pouco sentido quanto essa conexão, feita no escuro, em segredo, em meio à playlists e o som da cidade.

Tem teu gosto em cada tragada, teu cheiro na roupa de cama recém trocada. O segredo ainda no ar, do suor, dos fluídos e da tua pele na minha. Eu poderia me acostumar. Eu poderia prolongar essa noite se eu fechasse meus olhos e você estivesse lá.

Tua partida se aproxima com um nó na minha garganta. Eu poderia me acostumar com a tua presença. Eu poderia confundir o teu gosto com o meu. Eu dividiria a janela, o maço e a cama de solteiro.

Mas os cigarros já não tem mais o mesmo gosto. Não aqueles que eu fumo na janela do meu quarto.