terça-feira, 9 de outubro de 2018

Eu poderia...

Os cigarros nunca mais vão ter o mesmo gosto. Não aqueles que eu fumo na janela do meu quarto.

Faz pouco sentido, se você pensar que esse novo hábito já diz tanto sobre os poucos dias que eu e tu dividimos. Tão pouco sentido quanto essa conexão, feita no escuro, em segredo, em meio à playlists e o som da cidade.

Tem teu gosto em cada tragada, teu cheiro na roupa de cama recém trocada. O segredo ainda no ar, do suor, dos fluídos e da tua pele na minha. Eu poderia me acostumar. Eu poderia prolongar essa noite se eu fechasse meus olhos e você estivesse lá.

Tua partida se aproxima com um nó na minha garganta. Eu poderia me acostumar com a tua presença. Eu poderia confundir o teu gosto com o meu. Eu dividiria a janela, o maço e a cama de solteiro.

Mas os cigarros já não tem mais o mesmo gosto. Não aqueles que eu fumo na janela do meu quarto.

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