sábado, 5 de janeiro de 2013

Um copo cheio de nós.

Ela abriu a porta e me chamou para entrar. Sentei no sofá, pronto para despejar minhas milhões de desculpas. Ela me olhou de canto de olho, oferecendo algo para beber. Um copo de água, por favor. Ela trouxe o copo meio cheio, colocou na mesa de centro e sentou no sofá de frente para mim. Eu nunca tinha a visto tão bonita, tão madura, tão mulher.
Ensaiei começar a falar, duas ou três vezes, mas os olhos dela me roubavam as palavras e já não era mais possível falar de dor e de passado. Aqueles olhos que me imploravam por alguma ação mais confundiam do que encorajavam. Então sem esperar meu glorioso discurso, ela levantou sorrindo, sentou-se ao meu lado e passando a mão pelos meus cabelos se fez ainda mais perto. Me beijou os olhos, já encharcados pelas lágrimas e sussurrou no meu ouvido.
Eu te desculpo, porque eu sei que é amor. 
Naquele momento eu sabia que tinha um mundo inteiro em minhas mãos, era a nossa vida recomeçando e na  mesa de centro entornamos um copo cheio de nós.

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