terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Desamor

Escolheu o caminho mais longo para chegar em casa. Seus olhos implorando por aqueles na poltrona ao lado fixos na estrada. Quis aquelas mãos nos seus cabelos ou quem sabe com os dedos entrelaçados nos seus. Naquele instante preferia o silêncio, ao invés da música de amor que tocava. Os raios de sol invadiam o carro e faziam tudo ficar mais triste. Triste porque a única forma de amor ali não era correspondida. A reação à declaração não havia sido da forma esperada. Teve choro, susto, raiva. Ficou desapontado (negar seria hipocrisia), mas depois de tudo o que ele havia aprontado para ela sentiu que precisava se desculpar. Ele merecia ouvir aquelas palavras, por mais rudes que fossem. Ele esperava apenas que ela o perdoasse. Parou na frente da casa, aquela do portão de aço, retorcido e pintado de marrom. Desligou o carro e então o silêncio constrangedor prevaleceu. Ainda restava alguma partícula de esperança, perto do retrovisor ou jogada no banco de trás.
Sem se despedir ela saiu, porta afora, levando consigo toda chance de perdão e o pobre coração do rapaz.

Um comentário:

Andreia Breiter disse...

Por um leve instante eu achei que era novamente um arrependimento feminino. O que, não estranharia, nem um pouco! Fui pega de surpresa, com o real protagonista. Genial.